As ruas que morrem à noite,
solitárias, meu Deus,
sem gemidos,
o que dizem elas
e a quem dizem?
As ruas não dormem, meninos,
as ruas velam.
E por que velam?
Pastoras resignadas,
assistem o sonho humano
não comunicado (e perdido)
dos seres
descobrindo-se uns nos outros,
perplexos e tardios.
As ruas velam silenciosas
por esses homens
mortos
nos passos apressados
da humanidade.[do livro Quatro gavetas. Poema musicado por Márcio Portela]